Poema: Poucas palavras, três ou quatro; a linha do tempo; e a faca, comprida, afiada, para o próprio ventre, o corte na vertical, para cima.
Dimensão humana: mais curto o espaço, mais intenso o texto.
A palavra, suas ramificações, desvãos, abismos de silêncios: a poesia.
Sempre quis trabalhar com o atirador de facas; sempre desejei que me acetasse o coração.
Sopras-me sobre a pele, és o vento que me alivia o sol!
Oh, um ser humano feito de palavras, que reage ao toque, que se propõe ao gozo.
Quis decorar o dicionário, ou mesmo parte dele; mas não é o suficiente para escrever poesia.
Oh, Charles, traga o papel de presente. Não posso oferecer-me sem conotação.
Dias de poucas palavras; o mundo físico, apenas; o sol, o mar, meu corpo.
Procuras a crença, encontras a religião; procuras a ideia, encontras a filosofia; procuras a música que permeia o caos, encontras a poesia.
Poema: palavras partidas, a esmo, lascas de frase, voz, mais a música, a forma, o não sentido.
O poema pequeno, minúsculo, uma palavra, e a explosão...
As palavras estão sempre aquém das possibilidades, mas não há nada que vá além delas.
Há coisas que são impossíveis nomear. Fica apenas o ar frio da manhã, envolvente, indiferente.
Forte o vento a fustigar-me a pele. Corte, do tempo, a riscar-me lépido. Caos, o amor (no fundo dor), a arder minh' alma.