sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Feridas a arder, e o sol tão quente. O corpo, eterna ferida sempre quando te vais...
Estás sempre a correr... Quem te ensinou? Sei que é preciso correr. Uma espécie de lei da relatividade. Chegas na frente, maior o teu tempo.
Salvo todas as lembranças. Todas? Tantas quantas forem minhas palavras...
A quem pertencem as nossas palavras? Palavras não têm dono, mas toda língua é sempre estrangeira.
Inúmeros são os caminhos, mas não há por onde te perderes. Leva o alimento, e o agasalho se a noite é longa.
Quando as férias chegam, procuras sempre o sol; estendes-te sobre a terra, e a terra é tua mulher.
Alimento a tua manhã, leite quente em terra de exílio.

sábado, 23 de novembro de 2013

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Mudamos de lugar, sempre mudamos de lugar. A poltrona da sala não lê a mesma página do livro.
O presente são teus músculos plenos de vitalidade. Apenas isso. Mas para muitos é o que basta.
Oh, presente...O presente nos aguilhoa, sufoca. Dá-me um traço do passado. Só um traço. O presente é a parede a 50 cm. Já o passado é o ar.
Apaga a luz. Você tem olhos, mas agora não precisa deles. Tens a imaginação...
Tudo é tradução. Qual frase reflete a pura realidade? A realidade é uma construção; e a frase, outra.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Crispar, o que significa mesmo? Ninguém mais usa a palavra. Crispada, contraída. Talvez me doa a tua ausência.
Gatos... Não sei falar sobre animais. Gatos... , exigem tato e muita concentração.
Bebemos? Melhor bebermos uns aos outros...
Oh, mirar... Mirar ou admirar? Tanto faz, os dois exigem pontaria e muita atenção. Um ligeiro tremor e tudo estará perdido.
Latino-americanos, todos nós, apaixonadíssimos. Amamos tanto, como um pré-colombiano perdido nas ruínas da memória...
Mantém-te sempre alerta, posso estar à tua espreita. Mantém-te, quero-te, ah, deleita...
Tenho o costume de rir de ti, um sorriso franco; tenho o costume de me agarrar a ti, um abraço e tanto!

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Sou uma escritora difícil. Mas te faço uma concessão. Toma de minha mão. Um presente: a pedra.
Miraste-me, mirei-te, mas nossas setas não atingiram o alvo.
Perseguição? Ata-me a ti. Não me deixas sair atrás...
Gostas de aventuras? Vês aquela pedra? Saltarei de lá. Fica tu de cá. Depois volta, quem sabe, temos ainda algo pra conversar?
És policial? Então hás de prender-me. Não ando de negro nem cubro a face lívida. Também não arremessei nenhuma pedra. Apenas vou nua...
Minhas notas vão desgarradas, escrevo sobressaltos. Salta o meu coração, salto eu, todos os braços são estrangeiros.
A cidade está sitiada. Como vencer barreiras e saltar em teus braços? A cidade está sitiada. És o autor do sítio? Trazes as armas, sempre.
Dormi as últimas noites sozinha, já não sei onde estás. Dormiste as últimas noites comigo; sei que sempre me tens no teu abraço.