terça-feira, 17 de junho de 2014

À sétima hora, meu poemeto derradeiro, última a minha chance, quem sabe o vento traga-me de volta, quem sabe, como agora, nem tão solta?
Moras na cidade? Mergulho na madrugada esgueirando-me dos olhares furtivos dos vigias, porteiros de edifícios...
Vento frio a surrupiar-me a pele, a levá-la, a atirá-la longe do amor que aguardo. Vento frio que me deixa nua e só, sem nenhuma chance.
São tantos os pássaros. Prefiro-os a voar longe, albatroz que acompanha os navios, veleiros de marinhas antigas...
Nuvens brancas, talvez transparentes, e eu a levitar. Mas preciso estar nua, nua de todos os pecados.
Estradas de rodagem, percorro-te e troco-te pela margem, talvez um rio, talvez o amor a mostrar-me sempre outro; o rio a lavar, a levar-me.
Gemer, como a terra a parir seus filhos; gemer, à hora do amor, o arado...

domingo, 1 de junho de 2014

Quartos... quartos... será por que quatro paredes? Mas há a janela.
Não vou demorar, disseste-me. Saíste. Não voltaste. E eu... tão... tão... tão nua!
Seria um problema ou um embaraço? Há quem queira embaraçar-se, ter alguém para embalar...
A primeira palavra... todos tivemos a primeira palavra. A primeira vez que mentimos!
Letras e números, tantos os cálculos. Um alfabeto inteiro para chamar teu nome. Quanto aos números, os dias...
Sombra, persigo-me, amando-me ou odiando-me, impossível o divórcio.
Animais, corpos que fremem. Digo que quero mais?