terça-feira, 17 de março de 2015

Muda, apenas a linguagem do perfume. Bebe, embriaga-te. Não precisas dizer meu nome. A noite é curta.
À primeira vez era o sol a queimar-me as pétalas. Depois aprendi que toda beleza dura menos que um dia...
Oliveira, a fruta que desliza, tanto o óleo, como teu corpo. Vemos longe as areias do deserto.
Aventura, ultrapassar a porta do teu quarto num hotel de fronteira. De que lado nos encontramos?
Tantas as portas que me separam de ti. Muralhas de Jericó. Mas não tens fôlego para soprar as trombetas.
Fremir, ação de corpos quando a caneta desliza incógnita, a contrapelo, sem saber o que é a letra, desconhecendo o caminho, ou onde a roupa.
Corro. De que tipo de asas são feitas minhas pernas? Corro. E me atiro em seus braços.

quinta-feira, 12 de março de 2015

A poesia não frequenta programa de auditório.
Se escreves e ecoa o silêncio, é a poesia...

Quero demorar-me nos teus braços, mas onde os braços?
Tu não hás...
Haverá alguém?
Cada um, um universo.
Tudo ficções.
Muitas vezes não escrevemos o que as pessoas desejam.
A poesia é assim, um fio a escapar do orifício da agulha.
O caminho da poesia,
tanta repetição.
Um albatroz sobrevoa o navio;
a poesia por um fio.
Caminhavas sobre a brancura das areias e não era o deserto; areias apenas, longe o mar; eu, nas espumas a me dissolver e a me recompor; tuas as mãos.
Derramaste a ti sobre o meu corpo, inunda-me com tuas inquietações, duvidas se te amo. Melhor a dúvida, uma pulga e eu nuinha...

domingo, 1 de março de 2015

Nua a meio, nua por inteiro, e o mar a me servir de vestido... Onde estás para apreciar tua musa?
Volta aqui, deixa-me em teus braços, melhor que minhas roupas...
Espias a mim sem que eu perceba. Nadas, submarino, estás tão perto... Não consegues descobrir-me.
Estás a me deixar nua! Onde o vento há de me levar?
Tranquiliza-te, minhas mãos são dois tabletes de açúcar.
Creio que sabias e que te darás conta, o peso do corpo é o peso do amor...
Real, o tempo em que te escrevo; o arrepio do sol, a salpicar-me de sal, gotículas transparentes a revelar-te meu paladar.