domingo, 29 de maio de 2016

sábado, 28 de maio de 2016

O sol sopra vermelho a cortina das minhas fantasias. Inútil esconder-me nua na estrada que desperta.
A noite, Cartagena de desejos, açoita-me. Sou anjo a levitar, flor úmida aberta ao amor. Falta, desespero dos amantes. Minhas mãos, vazias?
Sol, dia claro, pássaro a mergulhar, respingos de sal.

Pés nus sobre a areia fria, mineral o olhar contempla-me, sou gigante, distantes os grãos.
A rosa úmida, amanhecer, veludo, a pele vegetal.
Quem tem boca vaia Roma. Os bárbaros sempre têm razão.

Queria que me levasses a levitar, teu dedo mindinho, meu centro de gravidade.
Valparaíso, a enseada, a casa de Neruda, Canto Geral. Tocas minha pele, derreto-me sem prêmio Nobel.

Um postal de Valparaíso, dois anos sem te ver, saudade.

Cozinha, coisinha. Seduzo-te pela janela da área de serviço. Suas narinas saboreiam meu feijão.
Troco uma letra, inverto a agulha da bússola.
Tocas minhas costas, verão em Mercúrio.

Tranparência, pétala de rosa branca.
Sol de abril, às mãos invisíveis do vento me arrepiam todo o corpo. Perdes teu amor...
O amor é o sabonete que escapa durante o banho. Não vou abaixar-me para pegá--lo.
Face à face, teus olhos não refletem minha poesia. Perco-me ou perdes o melhor de mim?
Cáustica... Há palavras que me dão arrepios.
Supermercado, gôndolas de produtos, a poesia comercial.
Marginal meu idioma, homem que me trai ao meio-dia.
Subversão, palavras logram o dicionário, poesia.

Lugar, calçadas de pedra, rosa meu rosto, rodas ao meio-dia.
O sol se põe vermelho, Convite ao amor, Rio de águas sempre estrangeiras, Teu sonho azul, Teu corpo cor de rosa.
Atentado, a voz em francês trazia a notícia, vinha de outro continente. O ar-condicionado zumbia, uma nesga de sol insistia, três da tarde.
Banheiro, a ducha fria sobre meu corpo, calor que insiste, calor que te espera...
A palavra em meio à claridade do dia. Que brilhe como o sol.
Verso perfeito... Meus pés sujos de lama.
Soltinha... Não acreditas? Estou a levitar.

Fisionomia... A palavra que corta o vento.

Retrato, sopras no meu canto.

Nua à noite? De automóvel, com retorno garantido e ainda escurinho, vou. Mas não vá fazer como um ex-namoradinho sapeca. Deixou amanhecer...
Pinheiros, telhado de chalé suíço, o sol vence a neblina; como hábil sedutor, aquece o corpo do hotel.
Olhares, passeio no espaço, nave frágil meu coração, galáxias, desconheço o planeta amor...