Esquece a razão, talvez ela tenha existido devido a um fio de cabelo, meu ou teu, não importa. A razão é o lançar-se de um tigre sobre ti.
Não me fales que o mundo é um atoleiro; a vida é teu corpo, o meu, é nosso abraço, mesmo que tudo seja pintura.
Areias movediças... quando criança sempre temi as areias movediças; hoje já não sei se elas existem. Mas tinham tanto charme.
Minha epopeia, 24 horas para atravessar-me com a ponta de teu punhal.
Procuro uma palavra, melhor dessas que caem a esmo, jogada fora por quem não sabe adulá-la. Pior do que isso é não encontrá-la..
Queira meu corpo, um beijo no rosto, e esqueça que toda poesia é naufrágio.
Explosões estelares, abismos, rotas em colisão, buracos negros... O planeta habitado, grão de areia, coração a amar.
Escadas, aonde me levais? Escadas, subir ou descer, acaso devo crer? Escadas, espadas, lâmina a cortar-me a sola dos pés.
Foge-me a palavra, lavra, ouro que se dilui; foge-me a palavra, aldraba, rio a fluir, mundo a ruir.
A carta, que o carteiro de ti me trouxe, mensagem cifrada, mensagem em branco; mas sei de tuas maneiras de dizer que me amas.
Preciosas, tuas palavras; esmeraldas nas mãos de explorador extraviado.
Subverte-me as palavras, tira delas o rastro de ser que cada uma traz no bojo e me deixarás louca, se loucura já não o é a minha poesia.
Avião, palavra a ruir o céu no momento em que te declaro amor.