sexta-feira, 26 de abril de 2013

O puro amor? Talvez seja preciso morrer...
Um trem onde se viaje eternamente, um trem girando em torno de um planeta menor.
Túneis e mais túneis tiram-me o norte, não há bússolas que os resistam. Túneis roubam-me a intuição do tempo. Quantas as horas?
Oh, os suicidas. Desde criança os via como homens e mulheres desesperados. Oh os suicidas, antes talvez tenham sido anjos, por isso o salto.
Há varias matizes para o azul. Sabes distinguir todas elas? Sabes o sabor do amor.
Anjos estão mais para o amor... Sempre anjos, mesmo com as asas partidas.
Há de se sempre temer as torres. Não porque se atirem nelas aviões, mas por se atirarem delas homens que n'algum momento se acham voadores.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Se troco o sim pelo não? Tudo uma questão de prazo.
Transformações, a ferrugem dos dias.
Preferes um ou, se és homem, uma? Prefiro o.
Gente e mais gente, o saguão da rodoviária. Onde a identidade?
Há o dia em que a gente não pode coçar-se.
Irritantes as minhas diversas faces? Procuras a verdadeira? A verdade é uma questão filosófica.
Dias imutáveis, estátuas à flor da pele.
Um poema? E ainda com o tema? Prefiro perder-me numa noite de Copacabana... O meu lema.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Maternidade: vinde a mim as crianças. Mas não as quero dentro do útero.
Asas, sempre as quisemos. Asas, o voo no céu límpido. Quero voar nas tempestades, o voo claro em meio ao céu vermelho, voo sem asas.
Bordados, nuvens, fumaça dos aviões, teu nome que me escapa, lembrança que se desfaz...
Um manto, talvez real? Um manto para esconder-me, um manto para imaginar-me.
Tenho uma estrela no lugar do coração. em vez do ritmo compassado, às vezes alucinado, apenas o brilho, mergulho no abismo, eterno.
Margens... Por que sempre estás do outro lado do rio? Vou nua. Quero ver se atravessas.
Cantam as horas, sempre a mesma música. Não se suportam as perdas...
Os poetas gostam de comparações: sou o rio que vai fluindo... Sou o rio represado, sempre a mesma água, e se solta, destruidora.
Fantasmas sempre há, pleonasmo dizer fantasias fantasmáticas.
Tenta esquecer-me, a lembrança de minha face, de meus olhos, que sempre levas contigo não sou eu, fantasia acridoce do teu pensamento.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Velho piano, o som que vem do mar...
Sonho caravelas, e sempre vou a estibordo. Sonho caravelas e vou pelo mês de abril.
É a neblina, a vaga neblina. Dentro dela será que vem D. Sebastião?
Há vasos nas janelas, o verde resiste ao vendo que vem do mar. À terra fértil, mistura-se a areia da praia. Olho, sozinha, o horizonte.
Que vento bom, sopra o oceano. Bom seria voar, planar a trina metro da crista de todas essas ondas.
Ruas sem nome, adivinho os moços que trilharam sobre suas pedras... Joões, Josés, Manuéis; houve um que me amou, sem nome, assim como a rua.
Poemas inconclusos, pedaço líquido do mar, que já não sei se me pertence.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Oh, tantos os mares, navegar, navegar... Qual o destino? Na verdade, vais sempre no mesmo lugar.
Possessões, latifúndios. Por mais que marches, não escapas da palma de minha mão.
Perdido e só, avanças. Tens o universo inteiro a explorar. Perdido e só, te cansas... Melhor meu corpo, e só.
Eternamente o amor, e eu tão terna. Irônico o destino, melhor me representares como faço a ti, em versos. O inverso? Aborreço-me.
Sou tua amante, romântica, pálida, mórbida. Serei melhor se morta.
Tesouros e mais tesouros, no fundo de todos os mares. Tesouros... melhores quando escondidos.
Juras me amar eternamente? Só o conseguirás se me perderes...

sexta-feira, 5 de abril de 2013

As coisas mais simples... o pão com manteiga, um açucareiro, estar com você do abismo à beira.
Não quero amar. Quero que tudo seja amor. Assim não precisarei amar.
Oh, soldados, soldados na Montanha Mágica, Castorp no pântano. O século XX. Ziemssen está morto.
Anjos... Sempre achei os anjos tão terrenos, sempre gostei de suas asas brancas, como o puro amor, como uma lágrima de saudade.
Quero os segredos e o êxtase dos amantes noturnos. Eles sempre se amam como se houvesse um rio prestes a transbordar, à porta de casa.
A aurora apaga-se, vem o sol forte... Queria tanto parar as águas do rio, queria também poder segurar o sol. Queria você sempre amanhecendo.
Vês o fogo das constelações? Talvez muitas já estejam extintas. Talvez esse fogo seja como o verdadeiro amor. A gente jamais esquece.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Mamãe avisou que vinha. Sempre mamãe a me vigiar. Mamãe, por favor, não me roube o namorado!
Uma senhora magra... Talvez um espelho para a minha ansiedade. Deixa-me experimentar o teu vestido? Ficas tão bem amparada... Apenas o luar.
O luar deixa rastro provisório na noite marítima. Além, as espumas, provisórias também. Na areia, eu, meus pés a confundir amores matinais.
A primeira vez que viste Tereza... Não me chamo Tereza. Nem tenhas tanta certeza. O amor é volúvel. Um dia ama-se um; outro, no seguinte,,,
Penhor... Quanto vale o que sentes por mim? A pulseira de ouro? Mas tenho muitas pulseiras de outros...
Ficou-me um pó agarrado ao suor depois de tua passagem. Quis dizer-me que somos tão precários, ou foi o sinal de teu ardor?