terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Pousada, o muro com a goma, bato as asas em vão. Será o amor?
Lembras o quintal? Você com a mangueira, meu corpo cachoeira, espelho de raios do sol. Verão. Tu a beijar minha sombra.
Pousada, o muro com a goma, bato as asas, mas me prendes, será o amor?
Auras douradas. O que me leva a tantos resplendores. Opaca, a noite...
Fetiche... A máscara. O que há por trás?
Meiga reclinada, o corpo como atração, sopros frios, amanecer sensual.
Cândida, anjo a bater asas do amor.
Palavras são continentes invisíveis. Tomam formas fugidias, Depois, somem. Ou melhor, jamais existiram.
Estou de volta, solta. Capa? Caso eu tenha uma, é sempre transparente.
Identificação? Parece caso de polícia. Já sei, não crês nas palavras.
A vizinha olha-me; olhos tergiversos. Qual o meu segredo? Toda madrugada e essa mulher tão... tão... Perdeu a palavra. Pra que a capa?
Os modernos; quisera eu, tanto barulho. Um parnasiano nato cobriu-me com seu paletó e derramou-me versos invisíveis. Manhã, e eu nua!
O tempo traz a ferrugem. Dedos dilatados, a poesia escapa-me.
Minha amiga tocou-me o telefone. Madrugada. Salve-se quem puder. Procuraste o amor? Verdade?
Como compreender? Palavras, apenas, e dicionário.
Enigmas? Palavras são palavras. Melhor ao sol...
Texturas, meus dedos, o tecido perfeito, amor e sol.
Apuros, nua eu, teu nome em vão; apuro, meu corpo tão...
Poema impossível. Borboleta, mas leve que o ar, no meio da noite.
O ar, um golpe, treme o vidro da janela, salta o coração, desejos de poesia perene.
Pedra de gelo, líquido amarelo, laranjal como o sol.
Ainda cedo, modorra, sonho, poema impossível.
Silêncio. Começo de manhã. Sabor de creme dental.
Canto, a poeta nua, metáforas em mãos alheias.
Marulhar, pranchas, homens do mar, olhos estrangeiros.
Ar frio, carícias translúcidas, flores no jardim.
Manhã, leite sobre a pele, dourada a janela, azul a borboleta.
O som ao meio dia, alguém ouve uma transmissão em francês. Aquieto-me, a poltrona, um canto, palavras são palavras, sempre, outra vez.