quinta-feira, 27 de março de 2014

...jã não há a tabacaria, compro cigarro na banca de jornais...
... eu pintava os teus lábios, veio então o bombardeio, aí disseram que já não era possível a poesia...
... Dioniso foi ao teatro, mas o teatro era pequeno para ele...
... o garoto copiou o poema, mas queria ser mecânico, tempos depois descobriu entre a terceira e a quarta marcha rastos do poema...
... abandonamos a literatura e entramos no cinema, mas o filme era sempre o mesmo...
... minhas mãos queimadas, palavras geradas, o fogo, preparo o alimento...
... o que será a poesia?, rastros de meus pés sobre o cimento fresco, xingamentos de morador que preparou o passeio...
... volto, tanto a dizer, toda vida é narrativa, conto os meus passos mas nada de matemática, conta-se com palavras...
... roupas no varal, minhas bandeiras, várias as nações, hinos à minha pele...
... roupas no varal, espia-me as entranhas...
... flores do tempo, mesmas as pétalas, cores, sempre as cores, única linguagem...
... sou a discreta e formosíssima Maria, gozo a flor da mocidade, mas já não me queres, nem por caridade...
... aproveitam-se os dias, esgarçam-se as fibras, resiliência...
... palmeiras na minha terra, histórias de sabiá, antes eu lá, agora eu cá, e sempre o exílio...
...voltas à tua casa, casa feita de palavras, onde o eco brilha mais do que a razão...

quinta-feira, 13 de março de 2014

Saudade da poesia. Palavras, lâminas afiadas, ou flores? Geleiras, onde é impossível agarrar-me...