quarta-feira, 20 de maio de 2015

Oh, as vírgulas, onde colocá-las sem que te sirvam de estorvo quando deslizas as mãos voluptuosas sobre meu corpo?
Escorrego nas palavras, vou ao chão, exibo meia perna nua, perna que revela-se sensual. A poesia é um tombo a deixar nuas as palavras.
Deslizo a mão direita sobre meu antebraço esquerdo. Suspiras. Teu gesto revela a verdade ancestral; a humanidade jamais se estinguirá.
Olhas a mim com olhos de faca comprida; penetras-me fundo a pele. Tens olhos às minhas roupas? No espelho dos teus olhos, vou sempre nua.
Vou nua ao esquecer os óculos escuros. Meus olhos a revelar o mar e todas as ressacas...
Tão difícil a palavra ao poeta. Assombram-me o vazio e a opulência.
Saio da noite como entrei, envolta na bruma. Não me revelem os primeiros raios do sol.
Pobreza de ideias, assalta-me o instinto chefe. Onde a realização do desejo?
Cobre a noite um véu diáfano, és capaz de descobrir o corpo excessivo da mulher que jamais viste. Alba. Tua imaginação ao alcance das mãos.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Descampado,
O campo e todas as possibilidades.
Descampado,
O não esconderijo.
Mas se posso ocultar as palavras,
Encontro esconderijo seguro.
Cacos, laceras-me a pele, sobrou o amor?
Solto-me.
Ave marítima a sustentar-se no ar.
Apenas o oceano.
Nenhuma embarcação.
A manhã sempre traz arrepios. Qual será o prazer? Qual a temperatura do ar-amar?