quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Meu filho desenhou um pássaro transparente, tão bonito, quando alça voo impossível vê-lo, mas é certo que vai lá no alto, no meio do céu.
Vamos namorar? Tão confortável é o corpo. Tudo encaixa, a medida é certa. Não olhes meus olhos, nem sintas meu coração. Apenas a seta.
Esquece-me se queres a fuga. Já não há desvio, e impossível tornou-se a volta. Oh, esquece-me, e pede uma taça do bom vinho...
Eis-nos todos à beira do grande templo. Há ouro, bolsas da Vitor Hugo e promessas de felicidade.Afinal, não sou de ferro, e a morte é certa.
Não me peças poema de amor. Sou azeda. Já chupaste o limão? Tem coragem, sê estoico, caso venhas me namorar.
Antes eu queria tanto te amar, mas depois descobri que te amaria na mesma medida em que amei tantos outros, O amor é vil, só muda de nome.
Se eu te amo, ou tu amas a mim, repara, o amor nunca cabe. Tão pequeno são os corações.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Fantasmas a me arrepiar... Às vezes me dizes que a fantasma sou eu. Vês a mim, sempre no teu encalço.
Todo coração é uma bomba que dificilmente explode. Mas pouco a pouco nos mata, sobretudo quando descubro teu rastro na calçada da minha rua.
Perdes a cabeça por causa da beleza? Somos todos, na maioria das vezes, uma legião de decapitados.
Sou tão inábil! Como guiar de modo a não derrapar no caminho do primeiro beijo?
Primeiro passo... Sempre dou o primeiro passo, mas muitas vezes esqueço que adiante está o abismo.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A existência é uma carapaça a nos impor limites. Mas creio que ao atravessá-la terei problemas...
Procuro a palavra impossível, pois quero atravessar significados. Enfim, preciso de uma nova língua. Mas creio que terei os mesmo problemas.
Há livros que eu gostar de tê-los escrito. São os que mostram que morri, ou que me matei, várias vezes. Eles me asseguram que só tive uma vida.
Gostar de você, às vezes doce de leite, às vezes sorvete que me arde as narinas, que me queima o céu da boca.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Escolhe uma palavra. Isso, uma palavra propriamente dita. Uma palavra propriamente escrita em algum livro. Escreve-a. Só. Eis o teu poema.
Perpetrar? Conjuga-se na primeira pessoa? Ah, sim, para alguns filósofos a primeira pessoa não existe.
Ela não comia? Ou comia? Não sei. Só sei que tinha um corpinho... Já sentiste inveja alguma vez?
Outro dia eu quis aprender chinês. Mas logo descobri que toda língua, sobretudo quando se começa a aprendê-la, é chinês.
Light, sobretudo os barbarismos universais... Sobretudo meu sanduíche. Por falar em sanduíche light, deixa solto o meu corpo.
Não? Ou seria sim? Tão curta a corda...
Palavras tuas, palavras nuas, perdeste a metáfora? Tua língua não é apenas tua.