quinta-feira, 2 de julho de 2015

Sabonete de pharmácia centenária. Seu perfume, a espuma brumosa e discreta, o corpo a escapar-me das mãos.
Oh, lenço, tão curto o pano... Como escondo o corpo? Lenços para cobrir o cabelo. Ah, melhor assim, um tantinho mais longo!
Tão bom desfiar palavras,
Pérolas que se amoldam a meus dedos,
Sopro de amor no teu ouvido,
Mãos que escorrem-me ombros abaixo,
Desejos vis.
Agasalho
És perigoso,
Roubas-me a fantasia,
Desejas o meu outono,
Deixas a mim nua.
Sob o casaco, ainda a meia estação, ainda o vapor, a pele transpirando dias de outono, mãos ocultas, olhos a transbordar desejos.
Julho amanhece com as folhas úmidas de poesia.
Palavras e perfumes, a pele quente sob o casaco...