Vime

O cesto dependurado em um dos braços,

a pele alva, apenas.

Busco o teu laço.

Ou o meu.

Ladrão, foste tu? 

O corvo

Que desejas, pássaro de mal agouro?
És mal afortunado, ou me dás
uma taça de vinho?

Plantas do jardim

Me veem nua
no domingo de manhã.

Ator

Fingida
disfarço.
Homem, mulher?
quem sabe? Há outras
maneiras de representar.
o mel...

Flor

Pétalas, abro-me, o sol ainda é suave.

Incêndios

Tantas as as chamas. Incendeio-me quando meu nome na tua boca.

Cubos

Nunca fui boa em geometria. Mas ela está em toda parte. A tal geometria. Neste quadrado, naquele retângulo. Nado numa esfera.

Tradutor automático

Não gosto, prefiro inventar palavras, ou quem sabe uma língua. Estou te traindo? Tradutor traído.

Duas vezes, o mesmo rio

Banhávamos. Seria um banho mesmo?
Garotos passaram e nos olharam.
Inocentes.
O rio a esconder minhas vergonhas.

Limão

Gotículas verdes, fosforescências sobre meu ventre,
teu gesto simples, o verão ainda que tardio.

Aberração

Aberração. Teu torso, minhas mãos.

O tempo

Helicópteros e automóveis fazem muito ruídos. Gostos dos relógios. Mas deixo o tempo passar.

Gangue

Uma gangue, oh, como lhe pertencer? Sabem amar? Sabem namorar? Ou especializaram-se apenas no manejo de facas?

Rainhas

Rainhas... Deseja-se sempre ser rainha. Melhor a cortesã, passeia com liberdade pela corte.

Branca de Neve

A gente deseja que tudo dê certo. Mas como a Branca de Neve pode ter dado certo com os sete anões?