Colônia

Galho sobre a calçada, chuteiras, pedras portuguesas.

Antropófaga

Morango cortado ao meio, Mel na superfície, A boca de manteiga.

Prateleiras

Mundos e mundos além da porta da estante; tropeço na casa do vizinho.

Desjejum

Colher plena de leite,

minha boca fria de geladeira.

Des-fios

A pele.

História de amor

Chocolate belga.

Arpão

Conta-me as pérolas.

Domingo no meus lábios de manteiga

Livro na cabeceira: fiorde na Noruega; pão queimando na torradeira.

Objetos de cozinha

Cafeteira, torradeira, meu trigo transcendental. 

Natureza morta

Na travessa: peras, maçãs, bananas; na parede: meu olhar de vidro.

Fra Angélico no Prado

Feminino: Anunciação.

Cabo de vassoura

Vermelho escuro nas unhas do pés.

Flexível

 Doce de leite no pratinho; o fio comprido, tessitura, rede; lábios de batom, a língua fátua.

Superpopulosa

Maçã sem sementes.

Sino

Lâminas afiadas.

Digestão

Coço-te o ânus.

Transpiração

Perfume de algodão.

Boca de chantilly

Mergulho-te o anel.

Fotografia

Areia, o mar, você de pé na prateleira da sala.

 

Sol no canapé

Manhãs de dezembro.

Manhã

Grãos de trigo, restinhos de sol na mesa da cozinha.

Exílio da própria casa

Cimento armado, cacos de vidro: firo-me, corto-me os pulsos.

Sem varinha

Tuas mãos, a colher, poção de prazer.

Terra seca

Meu prazer cronológico...

Nua

Duas laranjas nas minhas mãos. 

Minima

Película.

Domingo de sol em Copacabana

O fio; sou duas a olhos alheios? Inteira, encharca-me a maré.

Ponte

Cobras e lagartos, onde esconder o êxtase?

Três da madrugda

Lençóis, a pele, gotículas como as da maré; gozo-me.

Nove da noite

Colher, a sopa, reflexos do teu rosto no meu copo de cristal.

Solar

Meu corpo quente. Tuas mãos espalhando o protetor solar sobre minha pele.