Posto no dia de hoje uma série de poemas passados que tento recuperar do Twitter, com objetivo de torná-los de mais fácil acesso aos letores. Espero que os apreciem. 
Vejo teu rosto (serás mesmo tu?) no entremear de algumas luzes, na praça General Osório.
 
    
   Lembranças, não sei se boas ou ruins, mas nos construímos com lembranças...
 
    
   Amores próximos, amores  juntos a mim. Por que não o êxtase, o corpo a corpo, eu comigo? O sol,  nuvens ralas, peneira, banho-me, minha a luz.
 
   Às voltas junto a ti... Ando em círculos ou sou lua destemperada que cambaleia em tua órbita?
 
   Namoros, como cores, qual a mais vistosa? Prefiro o brilho dos teus olhos!
 
    
    
    
   Cética, eu? Sou tão apaixonada. Vejam minhas palavras, sempre um fio, carretéis, manchas no tapete...
 
   Casa-se de todos os modos,  até consigo mesma, como a chinesa. Será que era chinesa? Será que casou  mesmo?Pelo tempo já dever estar separada.
 
   A mocidade não vai acabar! Ou vai? Não sei. Mas minhas palavras pingam ardor de moça sempre enamorada.
 
    
   Palavras ao sol, aqueces,  mas podes queimar-me; palavras úmidas de sereno, frescor, mas às vezes  todo um inverno. Palavras, qual a medida?
 
   Tão bom escrever sem  compromisso, deixar que as palavras fluam, sem querer dizer isso ou  aquilo, apenas o rio e suas águas vagarosas.
 
   Paisagens: procurar tua face  nos rostos dos homens que passam, as ruas apinhadas, sempre lembrar que  te escondes atrás da falsa claridade.
 
   Há palavras que voam; outras  grudam; há também as discretas, sempre cobertas por ligeiro véu, podem  ser sol, podem ser lua, as dos poetas.
 
   Onde a poesia? São tantos os poetas... Onde a poesia, de cupido a seta? Poesia, em traje de gala, mas sempre descoberta.
 
   Quantas vezes terei de dizer  teu nome? Dura o tempo quando te grito a esmo. Cesto de frutas, fui.  Cobiçaste-me enquanto houve em ti a fome.
 
   Não me foge o poema, mas às vezes o tempo, pena, sempre em riste, não esqueço a ti marmórea ode...
 
   Lacaniana: esse desejo  sempre circular, sempre a contornar o objeto, sempre a retornar ao  desejante. Esse sujeito que aflora, inescondível.
 
    
   Fantasia, queres tudo, até minha máscara? Dou-ta, mas o encanto dos meus olhos, jamais esquecerás.
 
    
    
    
    
   Atravesso a nado. Banha-se duas vezes no mesmo lago? Heráclito morava à beira de um rio. O tempo, as mesmas águas...
 
   Lanternas sobre meu corpo enquanto dura a noite; lanternas amarelas; rubro o desejo.
 
   Antes do amanhecer me pões, pública, em exposição; vem vindo o sol, desejas a mim ou o meu pudor?
 
   Pontes, sempre as pontes, aonde me levam? Oh, ainda me atiro de uma delas...
 
   Versos, contos (alguns tão eróticos!), duas novelas e um romance. É tudo que tenho!
 
    
    
   Esperar-te é convulsionar-me. Encontrarás a cama fria, nenhum rastro, nenhum corpo.
 
   Inquietante, sempre  inquientante a vida. Quantos os movimentos desde o amanhecer até o  momento em que se deita? Inquietante os sonhos...
 
    
   Emudeço. Meus dedos,  congelados. Mas meu coração irradia todo o sol. Como poderás  compratilhar minha linguagem, meu silêncio de fogo?
 
   Perfume que se espalha pelo  ar, é o que sou. Corre, não és capaz de agarrar o aroma? Pena não  possuíres esse poder. Guarda-me o cheiro. Só.
 
   Derramo-me em constelações, explosões inacabadas, pena que sejas outra galáxia.
 
    
   Sísifo era mulher: Ardo numa pira antiga; meu castigo é jamais acabar o fogo.
 
   Azul do fim do mundo; explode-me a alma, vermelha, enquanto houver desejo...
 
   Sou dividida em duas metades  redundantes: a primeira grudada a teus lábios; a segunda untada a tuas  mãos compridas, simbiose de prazer.
 
    
   Singular, quando tenho o  teclado a minha frente, o prazer de escrever um poema; plural, quando  vens a mim, quando toco tuas mãos, teu sol...
 
    
    
   Não consigo escrever poesia,  aborrecida; não consigo, não, quando muita a preocupação; consigo, sim,  ao ver tuas mãos, teu anel, lua de mel.
 
   Meu poema, escrevo-o com os pés, passadas sobre o espelho, calçadas do centro da cidade.
 
   Oh, muros, sempre os muros,  uns caiados, outros  pintados, e você a premer minhas costas a um deles,  sem saber o que há do outro lado.
 
   Poesia metafísica, dia em que não saio sem roupa, mas que duvido de minha alma...
 
   A vitrine da livraria da Travessa me basta, na Sete de Setembro, a vitrine alimenta a minha poesia de sexta-feira.
 
   Cinelândia, o prédio do  teatro e o da biblioteca, viagens, homens que se perderam mundo afora  sobre um banqueta, diante de livros...
 
   Quem foi que trouxe a mendiga para a poesia, com todo o seu mal cheiro, mas presente ainda o sorriso de princesa?
 
   Escrever é preciso, mais  ainda escrever a cidade, com suas calçadas mal alinhadas, piso de pedras  soltas, o passo torto de um menino.
 
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